A Quem Adoramos? Parte 1

Nosso eterno destino depende da resposta a esta pergunta
Pr. Jan Paulsen

Os discípulos ainda estavam reunidos ao redor da mesa, após a primeira Ceia do Senhor. Enquanto Jesus lhes falava novamente sobre a Sua breve partida, desta vez em termos inconfundivelmente claros, eles se encolheram desanimados. Ele iria agora para Seu Pai, mas eles não poderiam segui-lO por enquanto.
O apelo espontâneo de Filipe refletiu a perplexidade que seguramente ia na mente de todos os discípulos: "Senhor, mostra-nos o Pai, e isso nos basta" (João 14:8). A resposta de Jesus a esse pedido dá-nos uma profunda percepção sobre o motivo pelo qual a encarnação ocorreu: "Quem Me vê a Mim, vê o Pai" (verso 9).
A missão de Jesus incluía descortinar uma visão da verdadeira natureza de Deus diante da humanidade caída e alienada, e essa verdade está implícita em Suas palavras. Naturalmente, Jesus veio nos reconciliar com Deus ao confrontar o pecado na carne, morrer por nós e sair vitorioso sobre o pecado e o seu originador, Satanás. Mas em Seu ministério de três anos e meio, antes do Calvário, Ele desvendaria diante de nós uma representação verdadeira e exata do pai e da verdadeira natureza de Seu caráter. Removendo as concepções errôneas acumuladas ao longo de uma centena de gerações, Jesus não somente colocou diante de nós um corpo de informação correta sobre Deus, mas também demonstrou o caráter de Deus em forma humana. Nunca antes em toda a eternidade o Universo havia testemunhado algo assim.
Desde a queda de Adão, os seres humanos não mais caminham pessoalmente com Deus. O Criador é tão majestoso que os olhos enfraquecidos pelo pecado não podem contempla-lO. Somente em raras ocasiões Ele tem partilhado conosco vislumbres íntimos de Si mesmo, afastando a cortina que oculta a Sua presença. Conseqüentemente, as pessoas podem concebe-lO apenas na imaginação, e esse tipo de adivinhação é sujeito a erro.
Removendo a distorção - Ao começar Seu ministério, Jesus veio ao povo do concerto, o povo que recebera os profetas e seus escritos; contudo, o "mundo não O conheceu" (João 1:10) e "os Seus não O receberam" (verso 11). Opiniões preconcebidas, reforçadas por séculos de idéias errôneas, tinham criado uma série de distorções sobre Deus. Para alguns, Deus parecia uma figura distante, majestosa, fria e exigente, um temível monarca buscando encontrar falhas entre Seus súditos. Ele era o Deus do detalhe meticuloso, diante de quem o povo tremia para não errar. Para outros, Deus parecia um manipulador distante, sempre manobrando Seu arsenal de resultados predeterminados, diante de quem o povo saltava como gafanhotos. Os céticos cogitavam se, afinal de contas, esse Deus que nunca tinha sido visto estava realmente lá. E ainda outros O viam como um pai indulgente e tendencioso, distribuindo presentes para quem O agradava e negando-os a quem O desagradava.
Jesus rejeitou todas essas distorções, dirigindo-nos a um Deus perfeito em santidade e majestade, contudo terno e compassivo, um Deus a quem podemos nos dirigir com confiança de uma criança que fala com seu pai.
Embora os pais humanos tenham fraquezas, ficando muito longe do caráter de Deus, Jesus repetidamente citou os pais como modelos para pensar sobre Deus. NEle nós encontramos força, segurança e amor altruísta, sempre mesclados com ternura, interesse e sabedoria.
No início, Deus caminhava no Éden com Suas criaturas recém criadas, propositalmente feitas à Sua imagem e semelhança para que pudessem experimentar a alegria de um companheirismo íntimo com o Criador. O quadro de Deus revelado em Jesus transformou a figura divina na mente humana, banindo para sempre as especulações que durante milhares de anos anuviaram nosso conhecimento do Pai. "Quem Me vê a mim, vê o Pai."
Com a vinda de Jesus, pela primeira vez desde o Éden chegamos a conhecer a Deus como Ele realmente é. Ele veio de um modo que todos nós podíamos entender "E o Verbo Se fez carne e habitou entre nós" (João 1:14). Tal acontecimento é tão marcante que nenhum de nós pode compreender completamente o mistério do que significa para Deus assumir a condição humana. Contudo, temos evidência poderosa de que é verdade. Essa pessoa única é Jesus, o Messias Redentor longamente aguardado, Emanuel, Deus conosco. E "vimos a Sua glória" (João 1:14).
Anunciado em Seu nascimento por um coro de anjos, Ele agora Se tornou um de nós, sendo ainda nosso Senhor. Seu ministério foi diferente de qualquer coisa vista antes. Embora acompanhado de uma série de eventos miraculosos sem precedentes, Jesus raramente apontou para eles como evidência de quem Ele era. Em vez disso, Sua identidade foi fundamentada em repetidas citações das Escrituras, onde profetas antigos tinham previsto a vinda e o ministério de um redentor. Mesmo após Sua ressurreição, Jesus usou essa evidência profética como prova final de quem Ele era. Na estrada para Emaús, apresentou a dois crentes desesperançados a convincente evidência bíblica: "E começando por Moisés, discorrendo por todos os profetas, expunha-lhes o que a Seu respeito constava em todas as Escrituras" (Lucas 24:27).
Jesus referiu-Se a Si mesmo repetidamente como Senhor, não simplesmente em termos terrenos, mas de um reino já entre nós, embora eterno em sua glória final. A entrega de coração a Ele dá-nos a cidadania desse reino, descrito há muito tempo pelo profeta Daniel como um "reino eterno" (Daniel 7:27). Somos adotados na família de Deus, designados para ser embaixadores das boas-novas de Seu amor e salvação, e privilegiados com a comissão de representa-lO enquanto levamos Sua mensagem a cada nação e povo. Somos recipientes da graça, e nos maravilhamos dos dons que Ele está derramando sobre nós. Não fomos nós que O buscamos, mas Ele é quem veio em busca de nós, o Bom Pastor procurando a Sua ovelha.
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